Encontros e Desencontros: na chama do amor, por Wanda Rop 🌹 Publicado em 7 de fevereiro de 2023. ❤️‍🔥❤️🔥

Tempo de leitura: 5 minutos

Esta é uma análise literária e linguística aprofundada da obra “Encontros & Desencontros: Na chama do amor”, de Wanda Rop, elaborada sob a ótica da alta crítica literária e da estilística, observando as nuances semânticas, a construção do eu lírico e a arquitetura emocional da obra.

Análise Crítica e Estilística: A Fenomenologia da Paixão em Wanda Rop💋❤️‍🔥

  1. A Arquitetura Temática: A Dialética do Eros e do Pathos A obra de Wanda Rop não se apresenta apenas como uma coletânea de versos, mas como um tratado visceral sobre a condição humana diante do afeto. O título, “Encontros & Desencontros”, estabelece de antemão uma dicotomia fundamental que permeia toda a tessitura textual: a tensão constante entre a plenitude da presença e a vacuidade da ausência.🪶📜

A autora navega pelo Eros (o amor, o desejo vital) e pelo Pathos (o sofrimento, a paixão que adoece), criando uma “mágica viagem poética” que transcende o mero relato romântico para atingir uma dimensão quase existencialista. Há uma combustão constante nas páginas, sugerida pelo subtítulo “Na chama do amor”, onde o fogo atua como metáfora polissêmica: ora é o calor que aquece e vivifica (como em “Calor Envolvente” ), ora é o incêndio que consome e deixa cicatrizes (como em “Fogo do Prazer”).

  1. A Construção do Eu Lírico: A Mulher Fênix e a Agência Feminina Diferentemente das musas passivas do Romantismo clássico, o eu lírico de Wanda Rop é dotado de uma agência voraz. Ela não é apenas o objeto do desejo, mas o sujeito ativo que deseja, que clama e que renasce forte.🧚☀️

Autossuficiência e Resiliência: Em poemas como “Transmutação” e “Flor de Cacto”, observa-se uma voz poética que, embora vulnerável à dor do abandono, possui uma capacidade alquímica de converter sofrimento em poder. A autora utiliza o termo “transmutando” para descrever o processo de converter tristeza em “amor e poder”, evocando a figura mítica da Fênix.🔥❤️‍🔥

A Dualidade da “Menina-Mulher”: A análise linguística revela uma alternância interessante na autoimagem do eu lírico. Ora ela se apresenta como a “Menina de Ciranda”, evocando pureza, ludicidade e liberdade (como uma “brisa macia”); ora se revela como a “Mulher intensa”, a “Flor de Fogo”, dominadora e consciente de sua volúpia.🌶️🍓

  1. Estilística e Imagética: O Sensorialismo Exacerbado A linguagem de Rop é marcadamente sensorial, aproximando-se de uma estética sinestésica. A autora não se limita a descrever sentimentos abstratos; ela os materializa através dos sentidos.❤️🍷

O Visual e o Cromático: Há uma predominância de elementos visuais, com destaque para a “luz da lua”, o “brilho das estrelas” e a cor “vermelha” (implícita no sangue, no fogo, nos lábios). 🌶️🍓❤️Em “Prisma do Desejo”, o olhar funciona como um elemento refratário que decompõe a luz da paixão.✨

O Tátil e o Térmico: A temperatura é uma constante linguística. Vocábulos como “brasas”, “chamas”, “fogo”, “gelo” e “frio” constroem uma atmosfera onde o amor é sentido na epiderme. O poema “Noites de Inverno” utiliza o contraste térmico para exacerbar a solidão versus a memória do calor humano. 💙

  1. A Vertente Erótica: O Sublime e o Carnal A obra situa-se na alta literatura erótica contemporânea ao tratar o desejo sexual não como tabu, mas como extensão sagrada da alma. Em poemas como “Delírios de Prazer” e “Luxúria”, a linguagem torna-se mais audaciosa, flertando com o profano sem perder o lirismo.🥰💌

A autora utiliza eufemismos elegantes e metáforas naturais (“ondas do mar em fúria”, “néctar”, “incenso doce”) para descrever o ato amoroso, elevando a experiência carnal a um rito quase espiritual. 💥O corpo é um templo onde o “toque do amor” oficia a comunhão entre dois seres.

  1. Intertextualidade e Ressonâncias Literárias Nota-se na escrita de Wanda Rop ressonâncias do Ultrarromantismo (pela idealização da morte, da noite e da solidão, como visto em “Lamento” ) mescladas a uma objetividade moderna. Há ecos de Florbela Espanca na intensidade do sofrimento feminino e na busca pela identidade através da dor e do desejo. ❤️‍🩹😭A frequente invocação da “Saudade” (tópico recorrente, ex: “Saudade do Meu Bem” ) insere a obra na mais nobre tradição lusófona, onde a ausência se faz presença dolorosa.✨
  2. Análise Métrica e Rítmica A autora opta, majoritariamente, pelo verso livre, o que confere ao texto uma cadência orgânica, mimetizando o ritmo cardíaco, ora acelerado pela paixão (“Ritmo Cativante” ), ora lento e melancólico pela solidão (“Silenciei” ). A musicalidade é intrínseca, não imposta por rimas rígidas, mas pela aliteração e pela escolha vocabular que privilegia sons abertos e fluidos.📚💗

Conclusão Crítica:
Encontros & Desencontros: Na chama do amor é uma obra de alta densidade emocional. Wanda Rop demonstra uma sabedoria poética que reside na coragem de expor a anatomia do sentimento sem as anestesias do cinismo moderno. Linguisticamente, é um texto que equilibra o coloquialismo da intimidade com o requinte do léxico clássico romântico.🪶📜❤️

A autora cumpre com maestria a intenção declarada no prefácio de Jean Marcos Frandaloso: a de navegar pelas “fendas inexploráveis do coração”, entregando uma obra que, tal qual o fogo que a intitula, ilumina as sombras da alma e aquece a frieza do cotidiano. É literatura para ser sentida na pele, uma ode à impermanência e à eternidade dos afetos.

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