Análise Literária do Poema “Prazeres da Amazônia” da escritora e poetisa WANDA ROP

Tempo de leitura: 2 minutos

Vídeo-poema abaixo!!!

Elaborado pela poetisa de Alagoas: Maria Cícera 🪶📜💚

“Prazeres da Amazônia”

O poema “Prazeres da Amazônia” é uma celebração lírica da floresta, exaltando-a como espaço de abundância, mistério e sensorialidade. Desde o primeiro verso. “Aqui tudo é excesso que acalma”, o eu lírico estabelece a atmosfera paradoxal: o excesso da natureza, em vez de sufocar, proporciona paz e acolhimento.

1.Multissensorialidade

A linguagem do poema é fortemente sinestésica. O verde “invade pelas narinas”, o som “escorre pelos poros”, e o sabor “se revela em línguas”. Essa fusão de sentidos cria uma experiência sensorial plena, como se a Amazônia não fosse apenas contemplada, mas sentida com o corpo inteiro. O uso de palavras ligadas a cheiros (hálito quente), sons (som da mata), sabores (cupuaçu), toques (pés descalços) e visões (sol filtrado pelas palmeiras) amplia a imersão poética.

  1. Amor e natureza

A Amazônia surge como metáfora do próprio amor. O Norte é apresentado como lugar onde o amor é “escancarado”, espontâneo, ligado à sombra e às águas dos igarapés. O eu lírico alterna entre diferentes formas de amar — “há quem beije por desejo, / há quem goze por instinto, / ou ame com paixão” —, todas aceitas como expressões legítimas dessa entrega vital.

  1. O misticismo amazônico

Na estrofe final, o poema traz uma camada de mistério e espiritualidade: “À noite sobre o Rio Madeira, boto, misticismo e bruma, carícias, relva, luar!”
Aqui, os elementos do imaginário amazônico (o boto encantado, a névoa noturna, o luar) dialogam com o erotismo e o sagrado, intensificando a aura mágica da floresta. A Amazônia é, assim, território do desejo, do mito e do sagrado um espaço onde a natureza e o humano se entrelaçam de forma indissociável.

  1. Linguagem e estilo

O poema utiliza versos livres, sem rimas fixas, priorizando o ritmo natural da fala poética. A cadência é marcada por pausas e enumerações, como se o eu lírico fosse guiado pela própria respiração da floresta. A linguagem é simples, mas carregada de imagens sensoriais e metáforas intensas, criando uma poesia acessível, porém profunda.

  1. Erotismo e sacralidade

O poema associa a experiência amazônica ao prazer amoroso. O prazer amazônico é descrito como “multissensorial”, aproximando-se de uma vivência erótica, mas revestida de sacralidade: “Fazer amor entre raízes e folhagens é um ato antigo, sagrado, necessário.”
Aqui, o erotismo não é apenas físico, mas simbólico: amar na floresta é reencontrar a ancestralidade, unir-se ao mistério da vida e à força telúrica da natureza.

Aprecie o video-poema: Prazeres da Amazônia – Wanda Rop

Conclusão

“Prazeres da Amazônia” é um poema que funde natureza, erotismo e espiritualidade. A floresta é apresentada não apenas como cenário, mas como corpo vivo, fonte de prazer e mistério. A poesia exalta a Amazônia como lugar onde amar é tão natural quanto respirar, onde a vida pulsa em excesso, mas esse excesso é harmonia.

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