Analisando o Poema “Eu Quero Viver Poesia” de Wanda Rop:

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Poema “Eu Quero Viver Poesia” de Wanda Rop:

A Poesia como Experiência Sensorial e Atemporal

O poema “Eu Quero Viver Poesia” apresenta uma dicotomia visceral entre a rigidez das convenções linguísticas e a fluidez sensorial da arte poética. Desde os primeiros versos, a poeta rejeita as amarras da gramática e dos formalismos literários, reivindicando um fazer poético que se inscreve na transgressão e na vitalidade da experiência urbana.

A metáfora do grafite batendo nas paredes de concreto sugere uma poesia que não se submete a padrões preestabelecidos, mas que emerge do caos cotidiano, das ruas, dos encontros fortuitos. Aqui, a poesia se corporifica no ritmo frenético da cidade, contrastando com o academicismo estático que frequentemente lhe é imposto.

A Estética do Caos e o Existencialismo Poético

A poeta estrutura sua obra em imagens fragmentárias, evocando a simultaneidade de elementos díspares: versos sem semáforos, rimas de tráfegos, caos girando aos passos da manhã. Essa justaposição de símbolos urbanos rompe com a linearidade clássica, instaurando um lirismo anárquico que dialoga com a estética modernista e pós-moderna.

O verso “Eu quero versos que mordam, que gritem” ressoa com a ideia de uma poesia que provoca, que inquieta, que se insurge contra a passividade. Há uma evocação do existencialismo poético, onde a palavra se torna um grito de resistência contra a banalidade do cotidiano e o engessamento cultural.

Intertextualidade e a Poesia como Performance

Ao referir-se às luzes históricas do letreiro de néon, a poeta flerta com a efemeridade da modernidade e a intertextualidade com a cultura pop e urbana. O letreiro piscando “viva!” em código Morse urbano sugere um chamado para a autenticidade, uma convocação ao leitor para transcender a mecanização da existência.

O verso final “se houver um fim… que seja uma estrofe silenciosa” encerra o poema com um paradoxo poético: a palavra, que antes era grito, agora se dissolve no silêncio, remetendo à inevitabilidade da morte e ao caráter efêmero da arte. Esse desfecho remete à poética do absurdo e ao niilismo contemporâneo, onde a busca pela transcendência esbarra na inescapável finitude.

Conclusão

O poema “Eu Quero Viver Poesia” é uma declaração de insurgência artística e existencial. A poeta reivindica uma poesia que respira, que pulsa e que se infiltra no tecido da realidade sem mediadores. Wanda Rop constrói um discurso metalinguístico que desafia os cânones tradicionais e inscreve sua escrita em uma perspectiva performática, onde o poema não apenas se lê, mas se vive.

Essa obra não é apenas um texto literário, mas uma experiência sensorial que convoca o leitor a romper com as estruturas fixas do pensamento e a se entregar à fluidez poética.

Eduardo Gentil – Mestre em Letras – Universidade Federal de RO.

Wanda Rop – Filósofa e Historiadora📚🖋️🤗