🕯️ Análise Literária de “A Velha Tuia” – por Wanda Rop🌹
Introdução e Contexto Temático
O texto “A Velha Tuia” insere-se na tradição da prosa memorialista brasileira, evocando uma escrita em que a lembrança e o afeto se fundem à descrição minuciosa do cotidiano rural. O objeto, a “tuia”, espécie de celeiro de madeira, transcende sua materialidade e torna-se símbolo de um tempo idílico, de uma memória afetiva cristalizada na simplicidade do campo.
Há, portanto, uma tentativa de reconstruir a atmosfera de um passado agrário e artesanal, em contraste com a modernidade que dissolve os vínculos com a terra. A narrativa se constitui, assim, como um relicário da memória, onde cada detalhe: o cheiro, a textura, o som, atua como elo de reconexão entre o presente e o tempo vivido.☀️🌾
Estrutura e Linguagem
A estrutura textual é linear e descritiva, conduzida por um eu lírico-narrativo que não se nomeia, mas cuja presença é sentida na tessitura sensorial do discurso. A linguagem é prosaica, porém elevada em sua simplicidade expressiva, marcada pela cadência do recordar e pela harmonia das frases longas e pausadas.🍂
A predominância do pretérito imperfeito e perfeito sugere a fluidez do tempo passado, onde o lembrar é um exercício de memória e um ato de re-existência, de trazer à superfície o que o tempo tentou soterrar.🌼🍂🌼
A escolha vocabular revela um léxico rural de forte sabor etnográfico, com termos como assoalho, girau, balaio, ratoeira, foice, arames farpados, que conferem autenticidade ao relato. São palavras impregnadas de chão, de materialidade, que constroem um inventário afetivo do universo campesino. 💚
Simbolismo e Imagética
A “tuia”, em seu aspecto simbólico, é metáfora da própria memória: rústica, resistente, guardiã de fragmentos de um passado que sobrevive ao esquecimento. Assim como o celeiro preserva o sustento, a memória preserva a essência da existência, os “grãos” das vivências, as “colheitas” de emoções.
Cada elemento descrito: o pilão, o torrador de café, a réstia de alho, as aves e seus ninhos é transfigurado em símbolo da continuidade da vida simples, autêntica e sensorial. O texto, nesse sentido, configura uma poética da rusticidade, em que o olhar literário dignifica o cotidiano e o transforma em arte.
A atmosfera sensorial é fortemente evocada: o “aroma da réstia de alho”, o “som das aves recolhidas”, o “barulho das ferramentas”, tudo remete à sinestesia da lembrança. O leitor não apenas imagina o cenário, ele o sente, o habita.🪺🪹🪵
Estilo e Recursos Expressivos
O estilo é neorrealista com tonalidades líricas, mesclando a precisão do registro descritivo ao lirismo que brota da nostalgia. Há uma economia intencional de adjetivos, substituída por uma força substantiva que dá concretude à cena, a palavra não busca o ornamento, mas a fidelidade à lembrança.🪶📜✨
O texto se constrói como uma elegia ao tempo e à simplicidade, sem sentimentalismo gratuito. A emoção nasce do não dito, da contenção poética que transforma o objeto comum (a tuia) em depositário da eternidade doméstica.🍂
Wanda Rop também atuou como prefaciadora do livro “Relíquias Poéticas” da autora Sol em Versos ☀️🌻
Aspecto Filosófico e Temporal
Em sua camada mais profunda, “A Velha Tuia” é uma reflexão sobre o tempo e a permanência. A velha construção é um monumento da memória, um símbolo do que persiste no invisível, a lembrança como resistência à efemeridade.
O tom final, “A velha tuia guardada na lembrança como um abundante celeiro de um tempo que ficou para trás”, encerra o texto com uma melancolia sublime, onde o passado não é apenas lembrado, mas cultuado como herança espiritual.🍂✨💫
A “tuia” torna-se, então, um microcosmo do Brasil rural, com suas ferramentas, suas colheitas, seus rituais e afetos. O texto assume, dessa forma, uma dimensão antropológica e existencial, fazendo da recordação uma forma de eternidade.🧡🛞🏕️
Conclusão
A Velha Tuia é uma peça de prosa poética, escrita com delicadeza e precisão sensorial, que conjuga memória, identidade e afeto.💛 Sua força reside não apenas no retrato fiel do mundo rural, mas na capacidade de transcender o simples descritivo e elevar o cotidiano à categoria do simbólico e do universal.☀️
A autora (ou narradora implícita) não apenas revisita o passado, ela o sacraliza, transformando o espaço físico da tuia em metáfora do abrigo da alma.🧡 Assim, o texto torna-se uma celebração da ancestralidade e da permanência da vida simples, onde o tempo, o amor e a memória coexistem em estado poético.🌼🌾
🌾 Síntese Estética
“A velha tuia é o relicário da lembrança: o templo onde o tempo se recolhe e o coração se reconhece.”
Wanda Rop é uma poetisa paulista, cuja alma se move pelas letras e cuja trajetória inspira admiração e respeito. Formada em Filosofia, Letras, História e Segurança Pública, é detentora de um vasto saber, com Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários, Docência do Ensino Superior, Neuropsicologia e Gestão Escolar, abrangendo Direção, Supervisão e Administração. Soma ainda um refinado MBA Executivo em Negócios Imobiliários e Turismo, atuando com maestria como Gestora Imobiliária.
Mulher de essência vibrante, é dinâmica, independente e empreendedora, uma força feminina que transita com elegância entre o mundo corporativo e o universo sensível das palavras.
Na seara literária, Wanda Rop é Ativista Cultural, Embaixadora da Paz e Cultura, Comendadora da Cultura Nacional e Consulesa das Artes, títulos que refletem sua incansável dedicação à promoção das artes e da literatura. Integra com honra e reconhecimento renomadas instituições literárias, como: FEBACLA, ALSPA, AISLA, AILAP, ABHL e AHBLA.
Autora de diversas obras poéticas e infantojuvenis, encanta leitores de todas as idades com a suavidade de sua escrita e a profundidade de sua visão. Em seu blog www.amorempoesias.com.br compartilha versos que celebram a vida e declaram o mais nobre dos sentimentos: o amor.